Há algumas décadas, esses exercícios intensos em idade já avançada seriam impensáveis. Mas recentemente é cada vez mais comum ver pessoas da terceira idade em eventos como o Ironman. Como é possível?
As competições de alta resistência variam de acordo com distâncias e modalidades, mas em geral elas duram um mínimo de seis horas. Quando surgiram nos anos 1970, muitos médicos temiam que as provas seriam uma agressão ao corpo, apresentando perigos para a saúde.
Mas os indícios observados até hoje apontam para o oposto.Exames de sangue feitos com os participantes sugerem que não há motivos para se preocupar. Apesar de sempre existir um risco entre algumas pessoas, quem treina do jeito certo está seguro.
Dificilmente alguém vai provocar um infarto em si mesmo com corridas intensas se ela já não tiver alguma doença cardíaca prévia
Cérebro ‘sugado’
Pessoas que fazem esportes de alta resistência por um período prolongado também não apresentaram nenhum dano de longo prazo, como desgaste de ligamentos ou de tecidos próximos ao coração.
Curiosamente, a parte do corpo que mais sofre é o cérebro. Um estudo feito a partir de várias ressonâncias magnéticas com atletas de competições assim – de todas as idades – mostrou que a massa cinzenta pode se reduzir em até 6% durante provas intensas.
“É uma perda muito profunda”, diz Wolfgang Freund, da Ulm University Hospital, na Alemanha. Mas o estudo mostrou que essa massa cerebral se recupera ao longo de alguns meses.
A hipótese levantada pelo médico é de que o resto do corpo “suga” todos os nutrientes do cérebro para ajudar nas competições.
Outra pesquisa conduzida pelo médico Beat Knechtle, da Universidade de Zurique, mostrou que o corpo dos atletas não sofre um grande declínio de desempenho depois dos 50 anos.
É verdade que a grande maioria dos vencedores da prova tem menos de 44 anos. Mas mesmo atletas com mais de 50 anos possuem desempenho satisfatório nas provas.
Vantagens da velhice
A idade traz maior inteligência emocional, e o segredo para ser bem-sucedido em provas intensas é treinar a resistência mental tanto quanto o preparo físico.
Em algumas provas, como a Race Across America, um percurso cruzando 4,8 mil quilômetros de um litoral ao outro dos Estados Unidos em dez dias, os competidores têm pouco tempo para dormir. Isso provoca variações brutais de humor, que muitos competidores jovens não suportam.
Esses dados levam muitos especialistas a pedir que os governos repensem suas atitudes em relação à saúde pública. Segundo estatísticas americanas, mais da metade das pessoas com mais de 65 anos não praticam nenhuma atividade física. E apenas 40% atendem às recomendações modestas feitas pelas autoridades.
Os médicos esperam que a experiência de pessoas na terceira idade mostrem que o corpo humano pode continuar sendo testado fisicamente mesmo após os 60 anos.
Fonte: BBC
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