“PANC’s: a importância das plantas alimentícias não convencionais” – por Tatiane Turatti Orlandini
- degrausdaluz
- 3 de dez. de 2018
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Plantas alimentícias não convencionais (PANC’s) são aquelas que a maioria das pessoas não se dá conta de sua função como alimento. Muitas, inclusive, são consideradas matos ou ervas daninha por crescerem espontaneamente nos quintais, campos e beiras de estrada. Mais conceitualmente pode-se dizer que as PANC’s são recursos alimentares não convencionais que presentes na alimentação, contribuem para a autonomia das famílias e garantem soberania e segurança alimentar e nutricional 1.
Alguns exemplos de PANC’s conhecidas no Rio Grande do Sul são: o dente-de-leão, o mestruz, o agrião de água, a serralha, a língua de vaca, a tansagem, o trevo azedo, o pepino do mato, a orapronóbis, o crem e a capuchinha 2. Também podemos considerar como PANC’s algumas plantas comuns, como a bananeira, por exemplo, porque acabamos restringindo seu consumo à fruta, jogando fora as outras partes comestíveis como o coração e os frutos verdes.
Esses são alguns exemplos, no entanto, sabemos que o Brasil é um país muito rico em agrobiodiversidade e as PANC’s fazem parte desse universo, podendo estar presentes na mesa dos brasileiros como fonte de alimento saudável e nutritivo, porém muitas vezes são esquecidos ou negligenciados.
Estima-se que 35 mil espécies tenham potencial comestível, e hoje 90% da nossa comida vem de 20 espécies somente, mostrando que consumimos menos de 0,04% da biodiversidade. Vale ressaltar que somente na região metropolitana de Porto Alegre o pesquisador Kinupp3 encontrou 311 espécies comestíveis. Além disso, sabe-se que 25% da flora de qualquer bioma é comestível, quebrando mitos de que existem regiões pobres em alimentos.
A valorização das diversas fontes alimentares vegetais é de extrema importância já que elas são fontes de vitaminas, sais minerais e fibras, que são essenciais para a manutenção da saúde do organismo. Eles também são importantes pela diversidade de nutrientes, de sabores, de texturas e pratos. Nesse sentido as PANC’s são extremamente importantes para a variação da nossa dieta, sendo muitas vezes mais nutritivas que os alimentos convencionais, a exemplo das urtigas e mamão-do-mato, que possuem de 3 a 5 vezes mais cálcio que o espinafre, considerado fonte vegetal.
As PANCs são, em sua maioria, rústicas e portanto adaptadas ao clima, tendo baixa necessidade de água e adubação. Além disso, não é necessário a utilização de agrotóxicos, pois ela é adaptada e conta com controle biológico, decorrente de ambientes biodiversos. Em resumo, tem fácil manejo e cultivo.
A Lei da Segurança Alimentar e Nutricional (Lei nº 11.346, de 15 de julho de 2006) fala sobre “A realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”, indo ao encontro da proposta das PANC’s4.
Isso quer dizer que, além de trazer uma alimentação mais diversificada e econômica, a popularização do consumo de PANC’s pode significar segurança alimentar, principalmente para as populações mais carentes. Além de autonomia para quem não que limitar sua alimentação à variedade de alimentos disponíveis hoje nos mercados locais.
Fonte: http://www.regiaodosvales.com.br/pancs-a-importancia-das-plantas-alimenticias-nao-convencionais-por-tatiane-turatti-orlandini/
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