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A AIDS NA TERCEIRA IDADE




Tribuna do Norte - RN

Número de soropositivos cresce entre a terceira idade

Nas peças publicitárias o grande enfoque de alerta para a AIDS é dirigida para adolescentes. Na mídia, também estão propagandas de medicamentos que prometem acabar com a impotência sexual. Aparentemente esses dois fatos parecem não ter relação. No entanto, o melhor desempenho sexual das pessoas da terceira idade está refletindo diretamente na AIDS; e enquanto o Governo enfoca a publicidade nos jovens, são os idosos os mais relaxados na hora de decidir pelo uso do preservativo. "É difícil encontrarmos um jovem de 20 anos que mantém relação sem camisinha, mas é comum as pessoas da terceira idade não usarem o preservativo", analisa o coordenador do programa estadual DST/AIDS, Jair Figueiredo.

Ele comenta que os jovens já foram educados com a nova cultura. Ao contrário das pessoas da terceira idade que desconhecem até mesmo o modo correto de usar o preservativo.

O reflexo disso é o aumento no número de pessoas da terceira idade contaminadas com o vírus HIV. O crescimento é maior do que em todas as outras faixas etárias. Entre os homens, o triste índice duplicou nos últimos dez anos. "Antes mesmo do Viagra já existiam outros medicamentos para impotência e a partir deles mudou o comportamento dos homens que sofriam de impotência", analisa Jair Figueiredo.

A última década se tornou ainda mais grave para as mulheres idosas. O crescimento das portadoras de HIV foi de 567%. Com as drogas que prometem acabar com a impotência, o sexo deixou de ser "exclusivo" dos jovens, mas as campanhas de alerta e conscientização da AIDS não acompanharam a mudança de perfil dos riscos de grupo da doença.

O próprio Ministério da Saúde já confirmou, através de pesquisa, as alterações no comportamento sexual. A informação é de que 67% da população entre 50 e 59 anos de idade se diz sexualmente ativa. Acima de 60 anos, o número mostrado pela pesquisa chega a surpreender: 39% afirma ter vida sexual.

As pessoas com idade superior a 50 anos têm uma média de 6,3 relações sexuais por mês. Os números apontados pela pesquisa mostram um novo perfil dos idosos, mas funcionam como um alerta da proliferação do HIV nesta faixa etária. Em 1991, 6% dos soropositivos tinham idade acima de 50 anos.

Em 2001, a pesquisa indicou 11%. Esse crescimento está levando os grandes hospitais a criarem setores específicos para o tratamento de idosos. Assim está acontecendo com o Hospital das Clínicas e o Emílio Ribas, de São Paulo.

O coordenador do programa estadual DST/AIDS, Jair Figueiredo, comenta que os medicamentos usados pelos pacientes da terceira idade são os mesmos. A estatística revela a situação do soropositivo no Brasil, mas a realidade é comum também a outros países, como os Estados Unidos. "A defesa do organismo só começa a baixar a partir dos 65 anos", ressalta.

Idoso soropositivo enfrenta preconceito

A reação das famílias quando descobrem que o parente idoso está com AIDS chega aos dois extremos. Enquanto uns, até "entendem mais" pelo fato da pessoa ser idosa, outros reagem com espanto e preconceito porque imaginam que na terceira idade já não há mais relação sexual.

"A relação sexual que eles mantém (muitas vezes) é com garota de programa. Saem nas ruas, pegam uma mulher e não se cuidam, porque, em muitos casos, não sabem nem usar o preservativo", comenta o coordenador do programa estadual de DST/AIDS, Jair Figueiredo.

Ele lembra de um caso ainda mais grave. Aos 65 anos, o filho descobriu que o pai era homossexual e que estava com AIDS. "Todo médico que trabalha com DST (Doença Sexualmente Transmissível) tem que fazer o acolhimento. É preciso muito cuidado nesses momentos", diz Jair Figueiredo.

Para o idoso soropositivo a situação é ainda mais complicada do que para os demais portadores do HIV porque eles não possuem ambulatórios especializados em tratamento de pessoas idosas com HIV. Além disso, também não há grupos de auto-ajuda.

Jair Figueiredo pondera que as pessoas da terceira idade soropositivas podem ser divididas em dois grupos: os que envelheceram com o HIV e aqueles que contraíram a doença na terceira idade. "Ainda não podemos dizer que o tratamento vai acabar com a doença, mas o paciente já sabe que de AIDS ele não morre".

PRECONCEITO - A resistência das pessoas idosas em usarem preservativo está relacionada com o medo de perder a ereção. Alguns ainda acreditam que só é necessário usar com prostitutas.

Para as mulheres, os especialistas alertam que fazer sexo sem camisinha é arriscado depois da menopausa porque nessa fase as paredes vaginais estão mais finas e ressecadas, favorecendo o surgimento de ferimentos que abrem caminho para o HIV.



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